Monique Cunha de Araújo

by | Jul 20, 2020

Doutoranda na linha de pesquisa “Teoria, Crítica e Comparatismo” do Programa de Pós-Graduação em Letras da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Bolsista do DAAD [Serviço Alemão de Intercâmbio Acadêmico] no departamento de Neuere deutsche Literatur da Eberhard Karls Universität Tübingen.

Ano do Intercâmbio: 2010

Como você se preparou para o intercâmbio? Se você foi bolsista, a bolsa facilitou a sua estadia? 

A preparação para o intercâmbio foi bastante tumultuada, recebemos com uma antecedência muito curta os detalhes da moradia, seguro saúde e valor da bolsa. De fato, eu não tinha noção como era a vida em outro país, não sei como é feito hoje, mas tivemos, na época, pouco auxilio em tempo hábil. Recebemos alguns e-mails do serviço de intercâmbio da universidade Tübingen e nos foi nomeado um tutor, que morava no mesmo Wohnheim, mas encontrá-lo era praticamente impossível. O início foi bem difícil. Como preparação, sugeriria intensificar os estudos na língua, cultura e pesquisar um pouco sobre a cidade, universidades, cursos disponíveis e todas as possibilidades.

Como foi a sua experiência com o intercâmbio? Você o recomendaria para outros alunos?

A experiência foi ótima! Recomendo fortemente aos alunos que gostariam de atuar como professores de alemão no futuro. De toda forma, recomendo o intercâmbio, entretanto, somente para aqueles que já tem um nível da língua intermediário/ avançado, pois para os iniciantes pode ser muito difícil acompanhar as aulas na universidade, tanto relativo à compreensão da língua em si, quanto no que se refere à questão cultural.

Foi difícil se acostumar com a vida na Alemanha? O que mais te surpreendeu?

Bastante difícil, sobretudo relativo à chamada integração. O primeiro semestre foi o mais complicado, pois eu precisei aprender também sobre as regras da universidade, sobre o sistema de notas, sobre como se portar em sala de aula, tudo é novo e diferente. E, posso afirmar que, caso eu tivesse à época um nível da língua um pouco mais avançado, eu poderia ter aproveitado mais, por isso acho esse quesito importante para os que querem ir para este intercâmbio.

Estive um ano no intercâmbio e em todo este período estive aprendendo, sobre costumes, língua, hábitos. Falando da perspectiva de estudante, acho que o mais surpreendente foi a organização das repúblicas, pois, no meu caso, era gerenciada pela própria universidade (Studierendenwerk), assim como as cafeterias e restaurantes universitários dos campi.  Interessante também é a carteirinha da Universidade, que também serve como uma espécie de cartão de crédito pré-pago, com a qual se pode pagar pelos serviços oferecidos pela universidade. Parece que algumas universidades no Brasil já estão aderindo a esse modelo de carteirinha, o que facilita muitíssimo a vida do estudante.

Quais experiências ficaram mais marcadas nas suas memórias?

Definitivamente, posso afirmar que com as aulas eu aprendi a estudar e ser mais crítica, pois, diferente de como era no Brasil, os alunos não têm vergonha de perguntar ou levantar uma questão depois de um seminário ou apresentação. Todos são bastante críticos e curiosos. Então, era necessário estudar bastante, pois, ainda como estrangeira, a exigência pessoal era maior, sobretudo por causa da língua. A partir da minha experiência, e dos contatos que fiz, estou hoje aqui novamente, mas, desta vez, realizando minha pesquisa de doutorado.

Que dicas você daria para os próximos intercambistas?

Como comentei, acho que a melhor dica é: estude a língua e a cultura. De fato, é muito importante chegar aqui com um nível para entender ao menos 70% da comunicação. Com os nativos, ainda temos uma barreira que é o dialeto suábio, que é bastante usado em Tübingen. Mesmo que alguns não falem diretamente o dialeto, há um sotaque diferente, supressão de sentenças, que seria interessante pesquisar um pouco na internet antes de ir para o intercâmbio.

Também sugiro que se procure falar o máximo da língua. Como Tübingen é um cidade pequena, se “esbarra” pelas ruas com muitos brasileiros e portugueses e,  mesmo que eu sabia que a vida no estrangeiro pode ser muito solitária, recomendo muito que se procure aproveitar cada momento para falar e treinar o idioma e que não se esqueça dos objetivos pelos quais se buscou o intercâmbio.

Quais eram as suas expectativas em relação ao intercâmbio? Elas foram cumpridas?

Minhas expectativas não eram tão grandes, a intenção era aprender mais sobre a cultura e a língua. Entretanto, aprendi muito mais além disso, creio que amadureci pessoalmente e profissionalmente com o intercâmbio.

Quais foram as lições mais importantes que você levou para a vida?

Uma pergunta uma tanto filosófica, mas eu poderia dizer que aprendi a conviver com o diferente e o outro de uma maneira leve, sem julgamentos. Aprendi a pesquisar e a ser mais crítica e, a partir desta experiência, pude traçar um caminho profissional na minha vida, na qual tenho sido muito feliz.

Skip to content